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Gestão de recursos hídricos urbanos é tema de audiência pública

por Michelle Lemes publicado 22/03/2018 18h15, última modificação 23/03/2018 14h15

Vereadores Jorge Kajuru (PRP), Elias Vaz (PSB), Sabrina Garcez (PMB) e Gustavo Cruvinel (PV) realizaram audiência pública, na Câmara Municipal de Goiânia, nesta quinta-feira, 22, para discutir gestão de recursos hídricos urbanos. A reunião, organizada em parceria com o comitê goiano do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA 2018), também abordou o problema enfrentado por boa parte dos moradores da capital no ano passado, de falta de abastecimento.

Participaram do debate o professor e arquiteto Everaldo Pastore, o técnico Francisco de Assis, da Seplan, padre Everson Faria, representando o arcebispo metropolitano Dom Washington Cruz, professor Carlos Vaz, da PUC-GO, a arquiteta Adriana Mikulaschek, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-GO), Onilda Arantes (CREA-GO) e Jerson Neto, do Fórum Alternativo Mundial da Água.

Elias Vaz relembrou a situação vivida ano passado em Goiânia, de falta de água e os desmoronamentos ocorridos na Marginal Botafogo, neste ano, com as chuvas. “A somatória de atitudes erradas levam a graves consequências. Faltam ações de drenagem urbana. No novo Plano Diretor temos a oportunidade de planejar a cidade para os próximos dez anos”, esclareceu.

O representante do Fórum enfatizou que está acontecendo, em Brasília, dois fóruns que discutem a escassez de água, sendo pela primeira vez realizado em um país do hemisfério sul, com o objetivo de resolver isso de maneira saudável. Ele denunciou que grandes projetos de agricultura fazem transposições e secam mananciais e perda de matas. “Pode-se produzir com o uso reduzido de água, por meio de gotejamento. Água é direito e não mercadoria. Sem ela não é possível viver”, concluiu.

 Sabrina Garcez reforçou que esse é o momento de fazer escolhas corretas de intervenção no meio ambiente. “Temos que pensar tecnicamente, para que Goiânia de fato seja sustentável”, afirmou. Padre Éverson Faria, por sua vez, relembra a importância que a Igreja Católica dá a esse tema, como tem sido tão debatido pelo Papa Francisco. “É preciso criar vergonha na cara e enfrentar de verdade essa situação de falta de água”, disse.

 

Professor Everaldo Pastore, que há quase 40 anos aborda este tema na cidade, garantiu que a Marginal Botafogo não deveria ter sido criada, mas é preciso, agora, descobrir como tirar o melhor proveito dela ou se é necessário desmanchar. “Isso deve ser amplamente discutido com a sociedade, politizando a discussão, e perguntando para a sociedade qual deve ser a decisão. O debate vai impedir que isso aconteça novamente”, justificou. Diante disso, o vereador Elias Vaz assegurou que isso deve ser ressaltado no novo Plano Diretor, para que não se permita o aumento das marginais e novas construções.

 

Em relação à bacia do João Leite, professor Everaldo Pastore se mostrou bastante preocupado. “Se não houver um controle constante, podemos perder esse manacial. É ainda uma Área de Preservação Ambiental, com centenas de nascentes. A água é sagrada. Há 37 anos como professor de planejamento, posso dizer que essa cidade não tem planejamento. As imobiliárias e construtoras fazem o planejamento que querem. Não basta zerar o desmatamento, é preciso campanhas permanentes de arborização”, assegurou.

 

Vereador Jorge Kajuru relatou que participou, no Rio de Janeiro, em 1992, de uma discussão mundial profunda sobre o meio ambiente e pontuou que mais de 1 bilhão de pessoas não tinham acesso, naquela época, a água de qualidade e apontou que, em Goiás, foi decretada situação de emergência para as bacias do Meia Ponte e do João Leite, pela redução do volume de chuvas.