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Professor da UFG explica funcionamento do sistema elétrico à CEI da Enel

por Guilherme Machado publicado 14/09/2021 19h35, última modificação 15/09/2021 08h16
Professor da UFG explica funcionamento do sistema elétrico à CEI da Enel

Foto: TV Câmara

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga irregularidades na concessionária de energia elétrica Enel convidou o professor Igor Kopcak, da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da Universidade Federal de Goiás (UFG), para explicar tecnicamente como funciona o sistema de fornecimento de energia da empresa e dar outras informações. 

De forma remota, o professor explicou que o sistema brasileiro transmite energia elétrica atravessando áreas muito extensas e pouco povoadas e que isso é um dos fatores que fazem a energia custar mais cara para o consumidor, mesmo tendo a geração mais barata, por meio de hidrelétricas. “O custo de transmissão é alto devido à dimensão continental do país. A nossa geração elétrica não está perto do consumidor, o que demanda linhas muito longas e aumenta o custo da transmissão." 

Apresentando as redes de transmissão que cortam Goiás, Kopcak disse que é preciso construir mais linhas de tensão mais alta para dar robustez ao sistema do estado. A região metropolitana de Goiânia, que é atendida por apenas uma linha de 500 kV que chega à Trindade, tem previsão ser ligada, até 2024, à Silvânia com o intuito de criar um círculo de transmissão dessa capacidade para a capital, garantindo mais oferta de energia e prevenção às falhas no fornecimento de energia. 

Sobre Goiânia, o professor mencionou que a capital representa 0,21% da área de atendimento da Enel, mas possui 22,6% dos consumidores concentrados somente nela. “A Enel tem uma rede de custo alto nas áreas de baixa densidade populacional no interior do estado e uma rede de menor custo, mas que possui outros problemas, como quantidade alta de consumidores por alimentadora, de tal forma que, quando uma tem problema, a energia é interrompida para muitas pessoas simultaneamente.” 

Ele disse que as subestações de energia daqui são interligadas para que, caso haja defeito em algum dos trechos, a energia possa circular e atender a região afetada por um caminho alternativo. “Quanto mais interconexões entre as subestações existirem, melhor e mais confiável é o sistema devido à redundância dos caminhos que a energia possa transitar. Mas isso gera mais custo e, numa cidade densamente ocupada como Goiânia, passar uma nova linha não é algo trivial, pois impacta em diversos agentes sociais, políticos e econômicos.” 

Devido à história de ocupação da capital, os consumidores da região Norte, que tem ocupação mais recente, têm mais problemas no fornecimento de energia do que os residentes na região sul, que começou a ser povoada primeiro. Ao sul de Goiânia está também Aparecida de Goiânia, sendo a segunda maior população do estado e que conta ainda com grandes consumidores de energia na sua região industrial. “As subestações da região sul foram mais preparadas para o crescimento. A expansão da Enel precisa ocorrer na região norte para atender o povoamento que está aumentando por lá”, afirmou Kopcak. 

Tarifa e qualidade 

O professor apresentou dados da Enel obtidos do site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que apontam, num ranking das tarifas mais caras do país, que a Enel está em 44º lugar. Em primeiro lugar está a Celpa, concessionária de energia do Pará, que tem a energia mais cara do país. 

A maior parte da tarifa da Enel é para remunerar a geração de energia, em seguida está a remuneração da própria empresa, vindo em terceiro lugar os encargos e impostos. Nesse último, estão incluídos os subsídios, pesando mais os destinados a subsidiar tarifas mais em conta para os produtores rurais. Goiás é o estado em que o ICMS pesa mais no valor da tarifa, com média de 27%, empatando com o estado do Rio de Janeiro. 

Quanto aos índices de continuidade de fornecimento de energia no estado, a Enel tem melhorado, desde 2016. Em 2021, a empresa tem atendido o limite máximo de interrupções permitido ao consumidor, que é nove ao ano, mas a duração média da interrupção ainda está acima do limite, estando em 12,5 horas ao ano.