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Audiência pública discute uso do braille na educação de pessoas com deficiência visual

por Guilherme Machado publicado 27/06/2023 22h15, última modificação 28/06/2023 13h42
Proposto por Willian Veloso (PL), debate contou com participação do presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência

Willian Veloso (PL) promoveu audiência pública, nesta terça-feira (27), para discutir aplicação efetiva do braille na educação de pessoas com deficiência visual ou com baixa visão. “Esta audiência pública nasce da necessidade de discutir a utilização do sistema braille como forma de inclusão social dessa população”, disse o vereador na abertura da audiência realizada no Plenário da Câmara de Goiânia.

“O braille trouxe acesso à cultura, lazer, informação, ensino, aprendizagem e ao mercado de trabalho, além de diversos benefícios sociais à população com deficiência visual. Trata-se de uma forma de comunicação indispensável no dia a dia desse público e que traz maior independência, pois o sistema braille permite que pessoas com deficiência visual possam escrever e ler. Essa competência assegura a elas o acesso à informação por meio da comunicação escrita. Outra característica da ferramenta é a inclusão educacional de crianças, jovens e adultos, dando maior independência aos alunos e, consequentemente, autonomia sobre os próprios processos de conhecimento e de desenvolvimento social, uma vez que a comunicação é fundamental para vivência em sociedade”, afirmou o parlamentar.

Apesar de o sistema braille proporcionar muitos benefícios ao processo de aprendizagem de pessoas com deficiência visual, ainda há longo caminho a se percorrer para que elas desfrutem da comunicação plena, segundo o vereador. “Um desses desafios é ter mais materiais traduzidos para linguagem visual, além de instituições de ensino voltadas para atendimento desse público. Também é importante que informações táteis sejam incluídas em locais e objetos que fazem parte da vida dessas pessoas”, explicou.

Segundo informações da União Mundial de Cegos, obras transcritas em braille representam apenas 5% do total de publicações. No Brasil, estima-se que esse índice seja em torno de 1% – na maioria, livros didáticos.

A advogada Ana Carolina da Silva Magalhães é autora do projeto literário MUSICAN(sonhan)DO, fundadora do Movimento Fadas e idealizadora da audiência pública em parceria com Willian Veloso. Ela disse que seu projeto resultou na publicação de um livro em braille e defendeu manutenção desta forma de comunicação para pessoas com deficiência visual. “O método de escrita e leitura tátil está sendo deixado de lado porque, hoje, essas pessoas estão se tornando mais ouvintes. Tecnologias assistivas são muito úteis e facilitadoras, mas a educação em braille precisa ser mantida, assim como caderno e lápis ainda estão nas salas de aula, apesar de celulares, tablets e notebooks serem utilizados na educação.”

De acordo com o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Audier Silva Gomes, recursos disponíveis, nos dias de hoje, facilitam educação em braille. “O professor que alfabetiza criança em braille tem que conhecer o processo desse tipo de alfabetização, mas não precisa necessariamente saber ler e escrever em braille. Isso porque a alfabetização pode ser feita utilizando equipamento chamado Linha Braille, em que o professor escreve no computador e o aluno consegue ler no aparelho, onde relevos são gerados."

Audier citou tecnologias que ditam conteúdos escritos em tablets e computadores, facilitando a leitura. Ele, no entanto, acredita que a adoção desses métodos afasta deficientes visuais da escrita. “Isso representa perda muito grande no campo da ortografia. O contato físico da escrita e da leitura dá mais autonomia para que pessoas possam escrever e ler palavras da forma correta, sem depender da leitura de outras pessoas ou de equipamentos.”