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Audiência pública discute onda de violência em escolas e saúde emocional de estudantes

por Guilherme Machado publicado 05/05/2023 11h05, última modificação 08/05/2023 15h30
Promovida por vereadora Kátia Maria (PT), reunião contou com participação de representantes de entidades de ensino, de saúde mental e religiosas
Audiência pública discute onda de violência em escolas e saúde emocional de estudantes

Foto: Marcelo do Vale

A vereadora Kátia Maria (PT) promoveu, nesta quinta-feira (4), na Câmara de Goiânia, audiência pública para discutir a onda de violência em escolas e a saúde emocional de estudantes. A reunião contou com participação de representantes de entidades de ensino, de saúde mental e religiosas.

“É assustadora a onda de violência nas escolas. Estamos aqui para debater formas de promover um ambiente de paz nas instituições de ensino e nas comunidades, com participação de todos. Com escuta e apoio, vamos proteger estudantes e profissionais da educação”, disse Kátia, na abertura da audiência.

Representando a Secretaria Municipal de Educação, Clédia Maria Pereira afirmou que a sociedade brasileira vive, atualmente, urgência de implementar medidas de segurança em escolas. Ela defende, entretanto, o trabalho de prevenção por meio do diálogo. Segundo Clédia, a pasta desenvolve práticas integrativas, em parceria com outros órgãos, no sentido de estimular a conversa entre alunos, professores e pais, como forma de prevenir e de solucionar conflitos.

“O diálogo é a base de todas essas práticas. Precisamos falar tudo o que pensamos e sentimos, mas é importante saber como falar. Temos um programa de mediação educacional com objetivo de prevenir, por meio de espaços planejados de diálogo, com temas específicos, abertos para toda a comunidade escolar, onde todos podem dizer o que sentem e pensam, sem julgamentos. Várias situações de ataques ou em que jovens se autolesionavam foram descobertas em círculos de justiça restaurativa e de construção de paz. Nesses casos, acionamos nossos parceiros para adoção de medidas cabíveis tanto para crianças e adolescentes quanto para adultos”, explicou Clédia.

O gerente de Articulação da Guarda Civil Metropolitana (GCM), José Pires, comentou sobre a necessidade da prática de políticas de segurança mais efetivas para escolas, com definição de responsabilidades dos setores envolvidos – não apenas o da segurança pública. “Precisam assumir responsabilidades as unidades de ensino, professores, pais de alunos e forças policiais. Todos devem ter claras suas responsabilidades no processo de segurança pública. Se as dividirmos bem, alcançaremos uma segurança mais harmoniosa.”

“Já existem escolas bem estruturadas no quesito segurança, com cercamento e controle de entrada de pessoas, por exemplo, mas há muitas outras carentes dela. Isso precisa ser mapeado e corrigido. Colocar um guarda em cada unidade escolar é utopia, pois não há efetivo para isso. Fazendo policiamento inteligente, por meio de câmeras de segurança com identificação facial e de placas de veículos, entre outros equipamentos modernos, conseguiríamos fazer um bom trabalho”, acrescentou o representante da GCM.

Já Edson da Trindade Fernandes, representante do Conselho Municipal de Assistência Social, defendeu implementação de ações voltadas a uma política de paz. “Nos últimos anos, vivemos grande estímulo à violência, com discursos de intolerância e de incentivo à autoproteção com armas. A escola sempre foi vista, por alunos e pais, como espaço seguro, mas, por ser reflexo do meio em que está inserida, torna-se um espaço inseguro. É preciso pensar em políticas para mudar o ciclo que estamos vivendo e estimular discursos para a paz. Em uma sociedade com valores de paz, teremos segurança.”

Como representante do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Sheila Alves da Cunha argumentou que o isolamento, durante a pandemia, com aulas remotas, trouxe prejuízos para o desenvolvimento social de crianças e adolescentes. Segundo ela, a escola sempre foi o principal local de convivência e de formação de laços de amizade desse grupo.

“O isolamento social foi muito pior para a faixa etária infantojuvenil do que para adultos. Crianças e adolescentes ficaram em isolamento e perderam convívio social, algo importantíssimo para o ser humano, já que a escola é local de convivência entre eles. Estudos previam que o pós-pandemia seria de colheita de problemas de saúde mental e temos vivenciado isso no Caps(Centro de Atenção Psicossocial) onde trabalho, pelo aumento no atendimento de estudantes com ansiedade e crises de pânico. Temos recebido crianças com medo de socialização, de estar em público, de chegar à sala de aula e fazer prova presencialmente, além de crianças com problemas de aprendizagem, pois a alfabetização foi feita a distância. Essa é uma fase escolar em que o aprendizado não é fácil nem presencialmente, imagina de forma remota”, afirmou Sheila.