CCJ debate ilhas de calor, após chuva levar gramas sintéticas de canteiros centrais
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Goiânia aprovou, nessa quarta-feira (24/09), projeto de lei (PL 383/2025), de autoria do vereador Luan Alves (MDB), que institui o Dia Municipal de Redução das Ilhas de Calor, a ser comemorado em 10 de março. A análise da proposta ocorreu após debate motivado pelas fortes chuvas da última terça-feira (23), que arrancaram gramas sintéticas recém-instaladas pela Prefeitura nos canteiros centrais da cidade.
De acordo com o parlamentar, a criação da data busca conscientizar a população e mobilizar segmentos sociais em torno de práticas urbanísticas sustentáveis. “A iniciativa incentiva a adoção de práticas urbanísticas sustentáveis como estratégia eficaz de mitigação dos efeitos adversos das ilhas de calor urbanas”, afirmou Luan Alves.
O relator da matéria, vereador Léo José (Solidariedade), defendeu a relevância da proposta. “É uma iniciativa muito importante para que a gente possa conscientizar a população sobre essas ilhas de calor. O presidente Luan é uma pessoa que tem expertise no tema e que já fez muito pelo meio ambiente em Goiânia”, declarou. Luan Alves já presidiu a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma).
Na mesma linha, o vereador Bruno Diniz (MDB) ressaltou os impactos diretos do fenômeno. “Ilha de calor é resultado de espaços urbanos sem vegetação. O microclima é alterado; e o calor é visível, é sentido. O projeto é muito oportuno.”
Já o vereador Igor Franco (MDB) relacionou o tema ao recente episódio das chuvas e criticou o uso de grama sintética. “Vocês viram ontem a grama sintética indo embora com a chuva. Quem vai pagar essa conta? Nós mesmos. Jogaram dinheiro público fora, quando poderíamos aplicar em campos de esporte espalhados pela cidade. Esse projeto traz consciência para Goiânia”, criticou.
Ao endossar a proposta em discussão, o vereador Denício Trindade (União Brasil) lembrou que apresentou projeto para proibir o uso de grama sintética nos canteiros. “Na aplicação, a grama sintética é lixo. Ontem foi a prova de que não dá certo. Poderia estar sendo usada em campos de futebol na periferia, atendendo nossas crianças. Goiânia precisa seguir como referência em meio ambiente”, disse.
Durante a votação, Luan Alves reforçou a importância de priorizar soluções naturais e sustentáveis para a cidade. “Nós temos que colaborar com o meio ambiente de forma verdadeira, e não artificial. Na gestão passada tivemos o programa ArborizaGyn, com o plantio de mais de 400 mil mudas, reconhecido nacionalmente. Esse deve ser o caminho seguido”, concluiu.
Justificativa
O Dia Municipal de Redução das Ilhas de Calor, proposto por Luan Alves, tem como objetivos promover a conscientização ambiental; engajar a sociedade civil; e estimular práticas urbanas sustentáveis, combatendo efeitos negativos das ilhas de calor em áreas densamente urbanizadas.
Na justificativa do projeto, o vereador destacou que esses fenômenos, caracterizados pela elevação anormal da temperatura em regiões com pouca vegetação, são agravados pela substituição de áreas verdes por superfícies impermeáveis, como asfalto e concreto. Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam que ilhas de calor intensificam ondas de calor; elevam o consumo de energia; e ampliam riscos à saúde pública, sobretudo de idosos, de crianças e de pessoas em situação de vulnerabilidade.
A data de 10 de março foi escolhida como marco simbólico para ações de conscientização e de mobilização, incluindo plantios comunitários; mutirões de jardinagem urbana; palestras em escolas; distribuição de mudas; e realização de campanhas educativas sobre soluções como telhados verdes, calçadas permeáveis e pintura refletiva de coberturas.
Após aprovação pela CCJ, a matéria segue para primeira votação em Plenário.












