Biblioteca de quilombo é inaugurada com acervo garantido por articulação de Aava Santiago
A vereadora Aava Santiago (PSDB) participou, nesse domingo (16), da inauguração da Biblioteca Comunitária Guiomar Alves, na Comunidade Quilombola Nossa Senhora Aparecida, em Cromínia (GO). O espaço foi revitalizado dentro do projeto TransformAção da Mulher Negra – realizado em parceria com o território quilombola – e foi entregue durante a Festa da Consciência Negra 2025, em evento marcado por atividades culturais, oficinas e celebrações da ancestralidade quilombola.
O novo ambiente integra o Centro de Referência Dona Nair, principal polo comunitário do quilombo, e passa a abrigar acervo composto por obras de autores negros, indígenas e de temática racial. O conjunto de livros foi obtido a partir da articulação realizada por Aava Santiago, que mobilizou parceiros para garantir a formação do acervo e para fortalecer o acesso à leitura na comunidade. A curadoria reúne nomes como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Bernardine Evaristo, Toni Morrison, Jeferson Tenório, Auritha Tabajara e Ailton Krenak, reforçando o compromisso com uma educação antirracista e representativa.
A revitalização da biblioteca resulta de trajetória que une o território quilombola ao mandato da vereadora. Em 2023, Aava levou ao quilombo o Democratiza Enem – Edição Afroletramento, projeto gratuito de preparação para o Enem, com aulas de literatura, de redação e de letramento racial, conduzidas pela educadora quilombola Wilsara Alves. A iniciativa formou jovens e adultos de Cromínia e resultou na aprovação de 13 estudantes quilombolas em universidades públicas e privadas. Como continuidade desse processo, a vereadora articulou a conquista das obras que agora compõem o acervo da Biblioteca Comunitária Guiomar Alves, consolidando o espaço como território do saber e da resistência.
“Essa biblioteca é a prova de que a leitura transforma destinos. Cada livro que chega a esse espaço é uma semente de futuro plantada pela comunidade, que luta todos os dias por reconhecimento e por oportunidades. A educação antirracista começa aqui – ao reconhecer nossas vozes, nossas histórias e o poder de aprender sobre quem somos”, afirma Aava Santiago, presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da Câmara de Goiânia.
A biblioteca leva o nome de Guiomar Alves, conhecida como Dona Maria, quilombola que viveu 23 anos em condições análogas à escravidão e que realizou, aos 77 anos, o sonho de se alfabetizar. Ela se formou na primeira turma de jovens e adultos do quilombo, em 2025, tornando-se símbolo de esperança e de inspiração. “Dona Guiomar é o exemplo de que nunca é tarde para aprender. Que essa biblioteca seja também um convite para que mais pessoas se reconheçam como protagonistas de suas próprias histórias”, acrescenta Aava.
Localizada a 85 km de Goiânia, a Comunidade Quilombola Nossa Senhora Aparecida é oficialmente reconhecida e composta por cerca de 150 famílias. Desde a criação do Centro de Referência Dona Nair, em 2021, o território vem ampliando o acesso a políticas públicas e a oportunidades, com atividades voltadas à educação, à saúde e à formação cidadã. A nova biblioteca representa mais um passo na democratização do conhecimento, na valorização da cultura afro-brasileira e na consolidação de ações voltadas à igualdade racial.
A programação da Festa da Consciência Negra contou com apresentações culturais, como a Dança das Peneiras; com o desfile de moda afro; com o show de música afro; e com a tradicional Congada, além de rodas de conversa e oficinas temáticas. O evento reuniu lideranças locais, educadores, famílias quilombolas e convidados de municípios vizinhos, como Professor Jamil e Piracanjuba.
“Entregar essa biblioteca é, para mim, um dos gestos mais bonitos do nosso mandato. É ver o conhecimento voltar para onde ele sempre pertenceu: às mãos do povo negro, das mulheres quilombolas, dos jovens que seguem abrindo caminhos para o futuro. Cada livro entregue aqui é uma forma de dizer que o saber também é território”, conclui Aava Santiago.
Mais do que espaço físico, a Biblioteca Comunitária Guiomar Alves nasce como símbolo de resistência, memória e futuro – guardando, entre suas estantes, histórias de quem transformou a luta em aprendizado e o conhecimento em liberdade.












